
Psicologia e sistema prisional. Assuntos tão interligados que embasaram um o “Seminário Internacional de Psicologia no Âmbito Prisional” promovido ontem (04) na sede do Ministério Público estadual, no CAB.

Para tratar de um tema tão importante como esse foi convidada a professora Cristina Lobo, membro da Cátedra Unesco de Juventude, Educação e Sociedade e do Conselho Científico da Ordem dos Psicólogos Portugueses, que falou sobre a interação entre a Psicologia e o Sistema de Justiça, além de relatar como funciona a jurisdição penal e a execução de penas em Portugal.
O evento também contou com a participação do procurador de Justiça, Geder Gomes; do Secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização, Nestor Duarte Neto; da coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça da Criança e do Adolescente (Caoca), Marly Barreto; do promotor de Justiça e coordenador da Unidade de Monitoramento de Execução da Pena e Medidas de Segurança (Umep), Edmundo Reis; do superintendente de Ressocialização Sustentável da Seap, Luís Antônio Nascimento Fonseca; e do Instituto de Saúde e Ação Social (Isas), Emilly Caroline Cordeiro.
A ação faz parte do projeto “A Academia vai ao Cárcere”, desenvolvido pela Umep em parceria com o Ceosp, a Universidade Salvador (Unifacs) e a Seap.
A programação foi aberta pelo procurador de Justiça Geder Rocha Gomes, coordenador do Centro de Apoio Operacional de Segurança Pública (Ceosp), que falou sobre a importância do seminário ao discutir a temática prisional com profissionais de outras áreas como psicólogos e assistentes sociais. “Quando atuamos no âmbito multidisciplinar, descobrimos que essa interação com outros profissionais nos ajuda a compreender melhor a dimensão humana, que vai muito além da normativa jurídica”, afirmou.
Segundo Cristina Lobo, há uma necessidade de melhorar as linguagens de interface entre a Psicologia e o Direito e de se aprofundar o conhecimento que os ‘atores’ de cada uma têm da outra área. “O psicólogo forense atua num campo pleno de constrangimentos jurídicos e conceituais”.
O psicólogo da Casa do Albergado, Antônio Cajazeira, destacou que a reforma no sistema prisional precisa ir a sociedade para que ela compreenda, participe e dialogue. “Não adianta sair ressocializado e encontrar uma sociedade que estigmatiza. Precisamos envolver os atores sociais externos ao sistema prisional”.
O superintendente da Seap, Luís Antônio Fonseca, entende que eventos dessa natureza servem para instrumentalizar as ações prisionais no tocantes aos processos de assistências as pessoas privadas de liberdade, sobretudo no contexto da desconstrução de estigmas.

Idealizador da iniciativa, o promotor de Justiça Edmundo Reis explicou que há uma preocupação latente com essa temática, pois cada vez mais acompanhamos jovens saindo diretamente de unidades infanto-juvenis para o sistema prisional. “As respostas à recondução dessas pessoas para um convívio humano salutar perpassa por melhorias no sistema prisional, na educação e nas melhores condições de oferta de trabalho”, ressaltou.
O Secretário Nestor Duarte encerrou o evento ressaltando a importância de promover essa troca de informações e aprendizados para que o sistema prisional esteja cada vez mais preparado para trabalhar o interno e o seu retorno a sociedade pois acima de tudo lidam-se com seres humanos. “Precisamos diminuir os índices de reincidência e isso perpassa com o fato dessa pessoa conseguir se reinserir na sociedade e no seu seio familiar”, defendeu.
Ao final, a professora Cristina Lobo recebeu um certificado em agradecimento pelos ensinamentos ofertados e por toda à contribuição ao projeto.
