Matemática para a Liberdade. Internos aprendem matemática para exercer a cidadania

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Matemática para a Liberdade. Internos aprendem matemática para exercer a cidadania

A união entre apoio jurídico e aprendizado da matemática no sistema prisional está sendo fundamental para a transformação da realidade dos internos do Conjunto Penal de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. Homens privados de liberdade, condenados pela justiça e cumprindo pena, enfrentavam dificuldades no acesso à assistência jurídica e demandavam necessidade de conhecimento das questões relacionadas à vida carcerária. Esse cenário começou a mudar quando Amarildo Monteiro, um policial penal formado em Direito e representante técnico dos internos, e a professora de matemática Shirley Costa, se uniram em aulas no Colégio Estadual Dr. Berlindo Mamede de Oliveira, localizado no Anexo da Colônia Penal de Simões Filho. A iniciativa, que tem o apoio da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP), tem como objetivo central ensinar matemática para os internos, contextualizando o ensino com os dias, meses ou anos de pena já cumprida ou a cumprir por eles. O levantamento da situação do preso é feito de forma voluntária por Amarildo. É ele quem leva para a sala de aula os atestados de pena, que mostram quanto tempo o interno já cumpriu ou falta para progressão de regime até chegar à tão sonhada liberdade. Com isso, a situação do apenado para ser objeto de estudo e cálculo nas aulas de matemática da professora Shirley. Desta forma, os internos aprendem a realizar contas e se automotivam à participação nos projeto remição da pena através da educação e do trabalho. Este conceito interdisciplinar foi incorporado à rotina escolar, em um esforço de toda equipe do Conjunto Penal e professores envolvidos, para que a escola tenha um papel transformador na vida dos custodiados. Amarildo Monteiro destaca a importância do papel de educar em um ambiente de privação de liberdade, como fundamental para reinserir essas pessoas à sociedade. “A sociedade precisa enxergar que a pena privativa de liberdade não é eterna. A educação é veículo  fundamental para resgatar a consciência dessas pessoas e levá-las de volta à vida digna em sociedade”, disse Amarildo. Para a professora Shirley Costa, que integra a equipe de professores há cinco meses, ensinar para esse público reforça a sua crença de fazer a diferença no mundo. Ela afirma que encontrou alunos com sede de conhecimento, o que torna o trabalho ainda mais inspirador. “Esse projeto ajuda os internos a planejar um futuro com mais esperança e aprendizado”, destacou a professora Shirley. Os frutos deste trabalho já estão sendo colhidos. A equipe de professores e os reeducandos do ensino fundamental foram selecionados para a final da Sétima Edição do Festival de Vídeos Digitais e Educação Matemática. O evento, que vai acontecer em São Paulo nos dias 14 e 15 de setembro, é promovido pela Sociedade Brasileira de Educação Matemática e pelo GPIMEM (Grupo de Pesquisa em Informática, outras Mídias e Educação Matemática) da UNESP (Universidades Estadual Paulista). Com participação de escolas de todo o Brasil, o Festival visa compartilhar experiências sobre o uso e a produção de vídeos digitais para o aprendizado de matemática, com a integração de professores, alunos e  tecnologia. Estar entre os finalistas é motivo de comemoração para os alunos do Colégio da Colônia Penal de Simões Filho, primeiro fora do sistema convencional de educação a participar e chegar à final do evento.

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